Translate

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Após adoção, mãe se inspira na filha para ajudar crianças em abrigos no Piauí

Para Francimélia, Ana Karla logo virou a princesinha da casa (Foto: Fernando Brito/G1)
Única menina entre os três irmãos, Ana Karla logo virou a princesinha da casa (Foto: Fernando Brito/G1)


A história de amor entre mãe e filha fez nascer um projeto social que existe há oito anos em Teresina e tem dado assistência à 57 crianças que não têm o convívio familiar. Francimélia Nogueira, 55 anos, fundou o Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (Cria), seis anos após adotar Ana Karla, que na época tinha apenas 1 anos e 10 meses. Hoje, a instituição ajuda crianças e adolescentes que vivem em abrigos a encontrarem uma família e um lar.

Francimélia decidiu entrar com processo de adoção quando pegou Karla no abrigo para passar o Natal na sua casa com o ex-marido e os três filhos. A assistente social revela que foi nesse momento, com um bebê entre a família, que o sentimento de ter um novo filho despertou. Única filha mulher, logo logo Ana Karla virou a princesa da casa.

"Foi ela a criança destinada a ir para a nossa família. Nós nos apaixonamos pela Ana Karla logo de cara. Ela estava tão carente de cuidados, de afeto e atenção. Foi então que decidi que ela não sairia mais das nossas vidas e não voltaria mais para o abrigo", lembrou. Logo depois, Francimélia entrou na Justiça para conseguir adotar Ana Karla.

Poderia ser só mais um caso de adoção, mas foi o acolhimento solidário de Ana Karla que fez Francimélia tomar a decisão que mudaria a vida dela e a da criança: formalizar o vínculo afetivo com a adoção.

"Já tinha três filhos adolescentes e foi uma alegria tê-la também como filha. Ela chegou e logo se transformou na princesinha da casa", contou.

Anos se passaram, e foi daquele momento especial na vida da assistente social e desse gesto carregado de amor, que Francimélia tirou a inspiração para ajudar outras crianças que vivem na mesma situação que Ana Karla vivia.

Seis anos após a adoção, Francimélia conseguiu colocar a ONG em funcionamento e assim passar a servir crianças sem o amparo familiar. "Me sinto mãe de todos esses que corro atrás para que essas crianças e adolescentes que estão nos abrigos esperando uma família tenha o afeto", disse.

Com três filhos, Francimélia viu o sentimento de ser mãe ser despertado novamente (Foto: Fernando Brito/G1)
Francimélia viu o sentimento de ser mãe ser despertado novamente (Foto: Fernando Brito/G1)
Inspiração para a criação do Cria, Ana Karla Nogueira Medeiros, 15 anos, conta que é feliz tendo uma mãe, uma família e vários irmãos.

"Dá um orgulho muito grande saber que eu fui a inspiração para que esse projeto existisse. E isso é uma alegria muito grande, porque a partir do momento que eu sei que crianças estão saindo de abrigos e conseguindo um lar, assim como foi comigo um dia, porque as pessoas que mais precisam vão estar num lugar tendo aquele amor que precisam", disse.(Ouça homenagem da filha ao lado).

O Cria

O Cria é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, que foi fundada no ano de 2009 e tem como objetivo dar assistência a crianças e adolescentes que são acolhidos por abrigos. A ideia é desenvolver ações que busquem a garantia da convivência familiar e comunitária a essas crianças, seja com famílias acolhedoras ou em casas de acolhimento.

O projeto além de conseguir um novo lar e uma nova família para essas crianças, busca também dar o retorno à família de origem. Desde o ano de 2009, 57 crianças já foram beneficiadas com o projeto que conta com assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, e outros profissionais liberais.

"Esse projeto significa uma realização profissional e pessoal. Vivo feliz em trabalhar com algo tão gratificante. A cada criança, e a cada adolescente que a gente resolve a situação, é uma felicidade imensa", pontua Francimélia.

Francimélia Nogueira adotou Ana Karla quando ela tinha 1 ano e 10 meses (Foto: Fernando Brito/G1)
Francimélia Nogueira adotou Ana Karla quando ela tinha 1 ano e 10 meses (Foto: Fernando Brito/G1)

Fonte:  A matéria está no site do G1 do Piauí.


Nenhum comentário: