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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Casal gay faz adoção tardia de irmãos e alfabetiza criança de 9 anos em 2 meses

             Alejandro e Victor Hugo em primeiro plano, e os pais no reflexo do espelho

Os garotos viviam no Lar da Criança, em Cuiabá, até o casal aparecer com a casa e o coração abertos para a adoção. Casados há quase oito anos, Paulo e Admilson decidiram que queriam adotar filhos para que a família ficasse completa. 

Nova vida

A vida em família começou com uma festa de chegada, em 14 de agosto de 2015. Depois disso, a rotina se tornou ‘normal’ como a de qualquer ‘família tradicional brasileira’, com a diferença única de que as crianças precisavam se adaptar. Victor Hugo, por exemplo, já estava no terceiro ano da escola quando foi adotado, mas ainda era analfabeto. 

“Nós fizemos uma força tarefa, conversamos com os professores, ficamos em cima, colocamos em aula particular. Em dois meses ele estava lendo. Acho legal frisar isso porque muita gente pergunta, o que um casal gay vai ensinar para uma criança? Isso: vai ensinar o que eles não aprenderam em três anos”, desabafou Paulo. Segundo os pais, o amor, carinho e principalmente a preocupação que uma família oferece às crianças influencia no aprendizado. “Quando eles vivem no abrigo, até os professores da escola pensam ‘ah, é criança do abrigo, não vai virar ninguém mesmo’, e não dão atenção”, afirmou. 

“O Alejandro deu uma entrevista uma vez dizendo que tinha medo de viver na rua. É isso que oferecemos para eles: segurança. Um lugar onde eles possam crescer bem, felizes e seguros”, afirmou Admilson. Por incrível que pareça, nem mesmo as possíveis adversidades que os pais acreditavam que viriam dos colegas de escola aconteceram. “O Victor tinha outros dois colegas, um tinha dois pais e o outro tinha duas mães. Eles nunca sofreram preconceito por isso”.

“Eu mesmo disse pra minha professora que meu pai era gay, e pedi pra ela falar pra sala. Depois, ninguém fez piada nem nada. Eles só ficaram fazendo um monte de perguntas”, explicou o garoto. 

Olhar o sorriso no rosto dos meninos já seria o suficiente para entender que a situação é favorável. Alejandro, hoje, sonha em ser médico. Victor prefere o caminho do sertanejo ou, quem sabe, ser jogador de futebol. Os devaneios infantis podem, por fim, ter uma ponta de realidade. Para quem estava fadado a virar estatística, um bolo de fubá e uma xícara de café à mesa, no meio da tarde e no seio da família, já é um grande evento. 

           

Confira toda a entrevista em Olhar Direto/Conceito.


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